"Não somos seres humanos numa jornada espiritual, mas seres espirituais numa jornada humana." Nikos Kazantzakis (1883-1957)
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Um homem, seu cavalo e seu cão
Um homem, seu cavalo e seu cão, caminhavam por uma estrada. Depois de muito caminhar, esse homem se deu conta de que ele, seu cavalo e seu cão haviam morrido num acidente.Às vezes os mortos levam tempo para se dar conta de sua nova condição...
A caminhada era muito longa, morro acima, o sol era forte e eles ficaram suados e com muita sede. Precisavam desesperadamente de água. Numa curva do caminho, avistaram um portão todo magnífico, todo de mármore, que conduzia a uma praça calçada com blocos de ouro, no centro da qual havia uma fonte de onde jorrava água cristalina.O caminhante dirigiu-se ao homem que numa guarita, guardava a entrada.
Bom dia, ele disse. Bom dia, respondeu o homem. Que lugar é este, tão lindo? ele perguntou. Isto aqui é o céu, foi a resposta..
Que bom que nós chegamos ao céu, estamos com muita sede, disse o homem. O senhor pode entrar e beber água à vontade, disse o guarda, indicando-lhe a fonte. Meu cavalo e meu cachorro também estão com sede.
Lamento muito, disse o guarda. Aqui não se permite a entrada de animais.
O homem ficou muito desapontado porque sua sede era grande. Mas ele não beberia, deixando seus amigos com sede.
Assim, prosseguiu seu caminho. Depois de muito caminharem morro acima, com sede e cansaço multiplicados, ele chegou a um sítio, cuja entrada era marcada por uma porteira velha semi-aberta. A porteira se abria para um caminho de terra, com árvores dos dois lados que lhe faziam sombra.
À sombra de uma das árvores, um homem estava deitado, cabeça coberta com um chapéu, parecia que estava dormindo:
Bom dia, disse o caminhante. Bom dia, disse o homem.
Estamos com muita sede, eu, meu cavalo e meu cachorro.
Há uma fonte naquelas pedras, disse o homem e indicando o lugar.
Podem beber à vontade.
O homem, o cavalo e o cachorro foram até a fonte e mataram a sede.
Muito obrigado, ele disse ao sair.
Voltem quando quiserem, respondeu o homem.
A propósito, disse o caminhante, qual é o nome deste lugar?
Céu, respondeu o homem. Céu? Mas o homem na guarita ao lado do portão de mármore disse que lá era o céu!
Aquilo não é o céu, aquilo é o inferno.
O caminhante ficou perplexo. Mas então, disse ele, essa informação falsa deve causar grandes confusões.
De forma alguma, respondeu o homem. Na verdade, eles nos fazem um grande favor. Porque lá ficam aqueles que são capazes de abandonar até seus melhores amigos...
(Autor Desconhecido)
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