quinta-feira, 29 de abril de 2010

Como Ser Bem-Sucedido: As Dez Dicas De Stephen Downes




Guy Kawasaki escreveu há algum tempo um artigo descrevendo “dez coisas que você deve aprender este ano na escola”, onde os leitores são aconselhados a aprender como escrever cinco frases para e-mails, criar slides no PowerPoint, e sobreviver a reuniões chatas. Na minha opinião, o texto falava, na verdade, sobre como ter sucesso no mundo dos negócios.

Photo Credit: Lars Kristian Schjønhaug

Minha visão é que as pessoas são mais valiosas que isso, agradar seu chefe deve ser a menor de suas preocupações, e o verdadeiro aprendizado significa algo mais do que ser bem sucedido no mundo dos negócios.

Mas o que você deve aprender?

Sua escola vai tentar te ensinar os fatos, e você precisará usá-los para passar nas provas, que, por sinal, são inúteis. Com o passar do tempo, você vai acabar aprendendo algumas coisas legais, como gostar de ler, que você deve cultivar.

Mas Guy Kawasaki está certo em pelo menos algo: as escolas não te ensinarão as coisas que você realmente precisa aprender sobre como ser bem sucedido, seja nos negócios (se você escolher ou não viver uma vida como um bajulador) ou na sua vida pessoal.

Aqui, então, está minha lista. Isto é, na minha visão, o que você precisa aprender para ser bem sucedido. Além disso, é algo que você pode começar este ano, não importa em que ano escolar você esteja, não importa quantos anos você tem.

Eu poderia, obviamente, escrever muito mais em cada um destes tópicos.

Mas considere isso como um ponto de partida, siga as sugestões, e aprenda o resto por conta própria. E para os educadores, eu pergunto, se vocês não estão ensinando essas coisas nas suas aulas, por que não o fazem?


1. Como Prever Conseqüências

A expressão mais comum na cena de um desastre é, "Eu nunca pensei..."
O fato é que a maioria das pessoas não sabe fazer uma previsão das conseqüências, e as escolas nunca parecem pensar em ensinar a arte da improvisação.

A previsão de conseqüências é parte ciência, parte matemática, e parte visualização.
É essencialmente a habilidade de criar um modelo mental imaginário com a seqüência de eventos que podem ocorrer, "O quê provavelmente aconteceria se...?".

O perigo em cada uma dessas situações é focar-se no que você quer que aconteça, ao invés do que de fato pode acontecer.
Ao se preparar para pular um determinado buraco, por exemplo, você provavelmente visualiza a aterrissagem no outro lado.

Isto é bom; leva a um pulo bem sucedido. Mas você precisa visualizar também a não aterrissagem do outro lado.

O que pode acontecer então? Você ao menos contemplou as prováveis conseqüências de uma queda de 40 metros?

É aí que a matemática e as ciências entram. Você precisa comparar a situação atual com suas experiências passadas e calcular as probabilidades de diferentes resultados. Se, por exemplo, você estiver olhando para um buraco de cinco metros, você deve estar se perguntando, “Quantas vezes eu já consegui pular um buraco de 5 metros? Quantas vezes eu falhei?” Se você não sabe, você deveria saber o suficiente para tentar um pulo-teste sobre o nível do chão.

As pessoas não pensam pra frente. Mas enquanto você está na escola, deveria estar sempre se perguntando, “o quê vai acontecer agora?” Observe situações e interações interessantes no ambiente que o circunda e tente prever os resultados. Escreva ou publique num blog suas previsões. Com prática, você se tornará um expert em antever conseqüências.

Mesmo sendo muito interessante, com o passar do tempo, você começará a observar padrões e generalizações, coisas que farão as conseqüências serem ainda mais fáceis de prever. Coisas caem, por exemplo. Copos quebram. Pessoas ficam bravas quando insultadas. Coisas quentes se desintegrarão. Cães mordem às vezes. O ônibus (ou trem) se atrasa às vezes. Estes tipos de generalizações – frequentemente chamados de ‘senso comum’ – ajudarão você a evitar o inesperado, e, às vezes, as conseqüências desastrosas.

2. Como Ler


Photo credit: Arantxata

De modo estranho, ao falar disso eu não considero o “saber ler” no seu significado tradicional, mas, em como olhar para algum texto e entender, de modo profundo, o que está sendo expresso (isso também se aplica ao áudio e vídeo, mas, se você treinar direitinho com o texto, será relativamente fácil transferir para outros domínios).

Os quatro principais tipos de escrita são: descrição, argumentação, explicação e definição. Você deve aprender a reconhecer estes diferentes tipos de escrita observando com atenção os indicadores e palavras-chave.

Então, você deve aprender como as sentenças são construídas para formas esses tipos de escrita. Por exemplo, um argumento terá duas partes principais, uma premissa e uma conclusão. A conclusão é o ponto onde o autor está tentando expor sua opinião, e deve ser identificada com um indicador (tal como as palavras “então”, “portanto” ou “consequentemente”, por exemplo).

Muitos textos são cheios – palavras são gastas com o intuito de fazer o autor parecer bom, distrair sua atenção, ou simplesmente preencher mais espaço. Ser capaz de eliminar as besteiras e atentar-se ao que realmente está sendo dito, sem distrações, é uma importante habilidade.

De qualquer forma, sua escola nunca te ensinará isso, encontre um livro básico de lógica informal (deve haver algum com o título "pensamento crítico" ou algo assim). Procure no livro por formas de argumentação e palavras indicativas (a maiorias desses livros não abrange os outros três tipos de escrita) e pratique o reconhecimento dessas palavras no texto e observe como elas são usadas na prática.


3. Como Distinguir a Verdade da Ficção



Photo credit:froodmat

Eu tenho escrito extensivamente sobre isso, inclusive em outras áreas, porém, isso me lembra uma parte das escolas que é bastante ignorada. Às vezes eu desconfio que isso ocorre porque os professores pensam que os alunos devem simplesmente absorver o conhecimento, sem se preocupar com o lado crítico; se eles estão questionando tudo que o professor fala, eles nunca irão aprender!

A primeira coisa é aprender, na verdade, a questionar o que está sendo dito, o que você lê, e o que você vê na televisão. Simplesmente não aceite passivamente o que está sendo dito. Sempre se pergunte, como posso saber se isso é realmente verdade? Qual evidência vai me levar a crer que isso é falso?

Eu tenho escrito muitas coisas que o ajudam com isso, incluindo meu Guia da Lógica das Falácias, e meu artigo Como Avaliar Websites. Esses princípios são largamente aplicáveis. Por exemplo, quando seu chefe diz algo pra você, aplique o mesmo teste. Você pode se surpreender com a quantidade de coisas que seu chefe diz e, simplesmente, não são verdade!

Todo dia, procure pelo menos um pedaço de informação (uma coluna de jornal, uma postagem num blog, um exercício na classe) e examine-a com atenção. Analise cada sentença, cada palavra, e pergunte-se o que você espera acreditar e como você espera perceber isso. Então, pergunte a si mesmo se você tem razões suficientes para acreditar e perceber o que foi exposto, ou se você está sendo manipulado.

4. Como Ser Simpático


Photo credit:Irene Yan

A maioria das pessoas vive em seu próprio mundo, e, para a maior parte, está tudo bem. Mas é importante, pelo menos, reconhecer que existem outras pessoas, e que elas também vivem em um mundo próprio. Isso te salvará do erro de assumir que todos são iguais a você. E, até mais importante, isso permitirá que outras pessoas tornem-se uma surpreendente fonte de conhecimento e percepção para você.

Parte desse processo envolve observar as coisas com os olhos de um outro alguém. Um indivíduo pode estar, literalmente, num local diferente. Eles podem não enxergar o que você enxerga, e podem estar vendo coisas que você não vê. Ser capaz de entender como essa mudança de perspectiva pode mudar o que eles pensam é importante.

Mas, até mais significante, você precisa ser capaz de imaginar como as outras pessoas se sentem. Isso significa que você tem que, na sua cabeça, criar um modelo mental com os pensamentos e sentimentos de outras pessoas, e inserir você dentro desse modelo. Isso ocorre de melhor forma se você imaginar que é, de fato, uma outra pessoa, e ,então, coloca-se dentro da situação.

Provavelmente, a melhor forma de aprender como fazer isso é estudar drama ( não me refiro a estudar Shakespeare, mas sim aprender a atuar em peças). Infelizmente, as escolas não incluem essa atividade como parte de seu currículo. Então, ao invés disso, você estudará matérias como religião e psicologia. As escolas também ainda não incluem essas matérias. Então, certifique-se de passar algum tempo em diferentes jogos de RPG (role-playing games) todo dia e pratique ser outra pessoa, com diferentes crenças e motivações.

Quando você é antipático, você começará a procurar e entender caminhos que te ajudem a criar uma ponte entre o abismo existente entre você e as outras pessoas. Ser educado e atencioso, por exemplo, serão muito importantes para você. Você será capaz de sentir a chateação de alguém se você for rude com ele. Do mesmo modo, será mais importante ainda ser honesto, pois você começará a ver quão transparentes suas mentiras são, e quão ofendido se sente alguém que é facilmente enganado.

Simpatia não é algum tipo de barganha. Não é a aplicação da Regra de Ouro. É um sentimento verdadeiro em você que, operado em sincronia com outra pessoa, produz um caminho que acessa a mente dessa pessoa, através de sua mente. Você é educado porque você se sente mal quando age de forma rude; você é honesto pois você se sente ofendido quando mente.

Você precisa aprender como ter esse sentimento, mas, uma vez que você o tenha, será capaz de entender como sua vida era vazia antes de tê-lo.

5. Como Ser Criativo


Photo credit: Jaki Good

Todo mundo pode ser criativo, e se você olhar pra sua própria vida, descobrirá que você já foi criativo por diversas vezes. Os seres humanos têm a capacidade natural de serem criativos - é assim que nossas mentes funcionam - e, com a prática, nós podemos nos tornar muito bons nisso.

O truque é entender como a criatividade funciona. Às vezes as pessoas pensam que idéias criativas surgem do nada (como a famosa "página em branco" olhando para o escritor), mas criatividade é, de fato, o resultado do uso e manipulação adequados do seu conhecimento.

A criatividade verdadeira é quase que uma resposta a algo. Este artigo, por exemplo, foi escrito em resposta a um artigo com o mesmo título, mas que eu não concordava com as idéias expostas. A criatividade também surge em resposta a um problema específico: como resgatar um gato, como cruzar um buraco, como para a lavagem de roupa.

Então, para ser criativo, a primeira coisa a fazer é aprender a procurar por problemas para resolver, coisas que demandam uma reação, necessidades que precisam ser preenchidas. Isso necessita de prática (tente escrever ou postar num blog sempre que perceber um problema ou necessidade).

Além disso, a criatividade envolve a transferência de conhecimento de um domínio para outro, e às vezes uma manipulação desse conhecimento. Quando você vê um obstáculo na vida real, como você cruzaria um obstáculo similar, num jogo on-line? Ou, se você precisasse limpar o ácido da bateria, como você se livraria do excesso de ácido em seu estômago?

Criatividade, em outras palavras, geralmente funciona por metáforas, e isso significa que você precisa aprender como encontrar as coisas em comum entre a situação atual e as outras coisas que você sabe. Isso é o que tipicamente é chamado de "Pensar fora da caixa" - você precisa sair do domínio do problema atual. E a habilidade particular envolvida é o reconhecimento de padrões. Essa habilidade é difícil de ser aprendida, e requer muita paciência, por isso que a criatividade é tão difícil.

Mas o reconhecimento de padrões pode ser aprendido - é o que você já faz quando canta uma canção parecida com outra, ou quando está fotografando e, diz, 'X' ou uísque. Muito frequentemente as artes estão envolvidas em encontrar padrões nas coisas, e é por isso, este ano, que você deve guardar um tempinho todo dia para a arte - música, fotografia, vídeo, desenho, pintura ou poesia.

6. Como se Comunicar de Forma Clara


Photo credit:Katy

Comunicar-se claramente, é, na maioria das vezes, uma questão de saber o que quer dizer, e, portanto, é interessante o emprego de certas ferramentas para isso. Provavelmente, a pior parte disso é saber o que você quer dizer, mas é melhor gastar seu tempo certificando-se de que será bem entendido do que escrever um monte de coisas e ser mais ou menos compreendido.

Saber o que dizer é, geralmente, uma questão de estrutura. Escritores profissionais utilizam um pequeno conjunto de estruturas padronizadas. Por exemplo, alguns escritores preferem artigos (ou então livros inteiros!) que consistem numa lista de pontos, como este artigo. Uma outra estrutura, conhecida como "estilo pirâmide", é usada por jornalistas - toda a história é contada no primeiro parágrafo e, cada parágrafo que se segue contem menos e menos informações relevantes.

Através dessa gama de estruturas, os escritores disponibilizam argumentos, explicações, descrições ou definições, às vezes de forma combinada. Cada uma dessas abordagens possui uma estrutura distinta. Um argumento, por exemplo, terá uma conclusão, que é aonde o escritor expõe seu ponto de vista. A conclusão terá como base uma série de premissas. Ligando as premissas às conclusões, teremos um conjunto de indicadores. A palavra "então", por exemplo, assinala a conclusão.

Aprender a escrever claramente é uma questão de conhecer as ferramentas, e então colocá-las em prática. Provavelmente a melhor maneira de aprender a estruturar sua escrita é aprender a como fazer discursos sem precisar de anotações. Isso te forçará a utilizar uma estrutura clara (uma que você possa se lembrar!) e mantê-la daqui pra frente. Eu escreverei mais sobre isso, mas, por enquanto, dêem uma olhada no livro do Keith Spicer, Winging It.

Adicionalmente, domine as ferramentas que os profissionais usam. Aprenda a estrutura de argumentos, explicações, descrições e definições. Entenda as palavras indicadoras usadas para auxiliar os leitores no processo de leitura. Domine a gramática básica, para que suas sentenças não sejam ambíguas. Informações sobre tudo que citei aqui podem ser encontradas na Internet.

Portanto, pratique sua escrita todos os dias. Uma boa maneira de praticar é juntar-se a jornais estudantis ou voluntários - escrever como um time, para uma audiência, contra um deadline. Isso forçará você a trabalhar de forma mais rápida, o que é bastante útil, pois é muito mais rápido escrever claramente do que de forma precariamente. Se não existe um jornal, crie um, ou então comece um blog de notícias.

7. Como Aprender


Photo credit:Mark Boucher

Seu cérebro consiste em bilhões de células nervosas, conectadas umas às outras. Aprender é, essencialmente, formar conjuntos dessas conexões. Seu cérebro está sempre aprendendo, seja se você estiver estudando matemática ou olhando para o céu, pois essas conexões estão sempre se formando. A diferença do que você aprende está em como você aprende.

Quando você aprende, você está tentando criar padrões de conectividade em seu cérebro. Você está tentando conectar neurônios, e difundir essa conexão. Isso é alcançado pela repetição dos conjuntos de comportamentos ou experiências. O aprendizado é uma questão de prática e repetição.

Dessa forma, quando você aprende algo - desde '2+2=4' até os princípios da mecânica quântica - você precisa estar sempre repetindo o que aprendeu, com o intuito de fazer crescer sua conexão neural. Às vezes as pessoas aprendem por repetição de palavras em voz alta - este costume era popular há algum tempo atrás. Tomando nota quando alguém fala também é algo válido, pois primeiro você escuta e após anota o que percebeu.

Pense em como aprender a lançar uma bola baseball. Alguém pode te explicar tudo sobre isso, e você pode compreender tudo, mas ainda assim você precisará lançar milhares de bolas até se tornar bom nisso. Você precisa aumentar suas conexões neurais da mesma forma que aumenta seus músculos.

Algumas pessoas pensam que aprender é lembrar-se de uma série de fatos. Às vezes pode até ser que seja, mas aprender é muito mais reconhecimento do que memorização. Porque você está tentando construir redes de células nervosas, é melhor aprender de forma totalmente conectada do que de forma desconexa, onde a conexão que você encontra em um domínio tem o mesmo de uma outra que está num outro domínio. Aprender em um domínio, então, torna-se uma questão de reconhecimento de padrões.

Às vezes os padrões que usamos são bastante artificiais, como em 'todo bom garoto deseja ser mau'(a sentença nos ajuda a lembrar de notas musicais). Em outros casos, de forma mais útil, o padrão é relacionado com as leis da natureza, da lógica ou de princípios matemáticos, como as coisas funcionam em sua totalidade, ou algo assim. Desenhar figuras geralmente ajuda as pessoas a encontrar padrões (por isso que os mapas mentais e mapas conceituais são tão populares).
Realmente, você deve visualizar o estudo de matemática, história, ciências e mecânica como um estudo de arquétipos, padrões básicos que você reconhecerá sempre. Mas isso significa que, quando você estuda essas disciplinas, você deve se perguntar "qual é o padrão" ( e não simplesmente "quais são os fatos"). E fazer essas perguntas realmente vai te proporcionar um aprendizado mais fácil.

Aprender a aprender é o mesmo que aprender alguma coisa. Necessita de prática. Você deve tentar aprender algo todo dia - uma palavra aleatória no dicionário, ou uma página do Wikipedia. Quando você estiver aprendendo este item, não o faça de forma isolada, procure por padrões - Isso combina com algum padrão que você conheça? Isso é um tipo de coisa que você já viu antes? Encaixe essa palavra ou conceito no seu conhecimento existente - escreva num blog o que você aprendeu, ou desenhe uma figura explicando isso.

Pense, sempre, sobre como você está aprendendo e o quê você está aprendendo no momento. Lembre-se, você está sempre aprendendo - e isso significa que você precisa perguntar, o que você está aprendendo ao assistir televisão, indo ao shopping, dirigindo um carro, jogando baseball? Quais tipos de padrões estão sendo criados? Que tipos de padrões estão sendo reforçados? Como você pode assumir o controle desse processo?

8. Como Permanecer Saudável


Photo credit:naughton

Como é uma questão muito útil, a manutenção de sua saúde envolve dois principais componentes: minimizar a exposição a doenças e substâncias tóxicas, e manter o equilíbrio físico.

Minimizar a exposição a doenças e elementos tóxicos é comumente uma questão de limpeza e ordem. Coisas simples - como manter o álcool na garagem ao invés de mantê-lo na cozinha - minimizam o risco de envenenamento acidental. Limpar a superfície de biscoitos reduz completamente o risco de contaminação por bactérias. Lavar suas mãos regularmente previne a transmissão de vírus e doenças.

De forma similar, uma das questões mais quentes em educação hoje é a preocupação em relação a temas como a prevenção contra exposição a doenças e substâncias tóxicas. Em poucas palavras, se você tem contato físico com outra pessoa, você está facilitando a transmissão de doenças, portanto, proteja-se. Atividades como beber, comer alimentos gordurosos, fumar, e usar drogas são, essencialmente, a introdução de substâncias tóxicas no seu corpo, portanto, faça isso com moderação, e se o nível de elementos tóxicos envolvidos for significante, não consuma.

A manutenção pessoal é provavelmente ainda mais importante, já que a maioria das ameaças à saúde são, geralmente, relacionadas com a deterioração física. As receitas com uma alimentação adequada e exercícios apropriados devem ser aprendidas e praticadas. Mesmo que você não se torne uma pessoa compulsiva com a questão da saúde (e quem não é?), é importante saber quais alimentos e tipos de ações são benéficos, e criar o hábito de comer bons alimentos e praticar bons hábitos.

Todos os dias, procure exercer algum tipo de atividade - vá de bicicleta ao trabalho ou escola, faça caminhadas, pratique um esporte ou se exercite. Além disso, procure comer ao menos uma refeição "boa pra você", que contem proteínas e minerais (como carne e verduras, ou soja e frutas). Se sua escola não te oferece alimentos e atividades físicas adequados, exija-os! Você não pode aprender nada se estiver doente e com fome! De qualquer forma, procure estabelecer um programa alternativo para você, que pode ser executado em seus intervalos.

Finalmente, lembre-se: você nunca tem de justificar a proteção de sua vida e de sua saúde. Se você não quer fazer algo pois acha que não é seguro, então você tem todo o direito de recusar. As conseqüências - quaisquer conseqüências - são melhores do que insistir numa atividade insegura.

9. Como Dar Valor a Si Mesmo


Photo credit:Ahmed Zahid

É, talvez, cínico falar que a sociedade é um gigante que conspira contra você, fazendo com que você se sinta mal consigo mesmo, porém, não é totalmente errado pensar assim. Os publicitários fazem com que você se sinta mal, então, você precisa comprar os produtos que eles anunciam. Políticos fazem com que você se sinta incapaz, então, você depende das políticas e dos programas deles, e até mesmo seus amigos e colegas podem fazer com que você desista de algo, ao invés de incentivá-lo.

Você pode ter todo o conhecimento e habilidades do mundo, mas isso não significa nada se você não se sentir motivado para usá-los; é como ter um Lamborghini, mas não ter uma licença para dirigir. Ele parece brilhante na garagem, mas você não está desfrutando de nenhum valor do carro até que você o leve para dar uma volta.

Valorizar a si mesmo é em parte uma questão de desenvolvimento pessoal, e em parte uma questão de escolha. Para dar valor a si mesmo, você precisa sentir que é merecedor desse valor. Na realidade, você merece seu valor, mas esse questionamento geralmente te ajuda a provar isso pra você mesmo, ajuda a alcançar um objetivo, a aprender uma habilidade, ou alcançar alguma distinção. E para se dar valor, você precisa dizer "Eu sou valioso”.

Isso é um ponto importante.

O modo como pensamos sobre nós mesmos é muito mais uma questão de aprendizado, como outro qualquer. Se alguém te diz que você não vale a pena várias vezes, e você não faz nada para se opor a isso, então você vai ser levado a acreditar que você não vale a pena, pois é assim que suas conexões neurais vão se formar. Mas se você repetir, e acreditar, e se comportar de modo a dizer a si mesmo que é valioso, é nisso que você acreditará.

O que é dar valor a si mesmo? É, na verdade, muitas coisas. Por exemplo, é acreditar que você é bom o suficiente para ter uma opinião, ter voz, ter uma palavra, e suas contribuições de fato são interessantes. É acreditar que você é capaz, que você pode aprender a fazer novas coisas e ser criativo. É a sua habilidade de ser independente, e não precisar de alguém ou de alguma instituição de auto-ajuda para viver, e autonomia, capaz de tomar suas próprias decisões e viver sua vida de seu jeito.

Todas essas coisas são suas por direito. Mas elas nunca serão dadas de graça a você. Você tem que ir buscá-las, acreditando em si mesmo (não importa o que os outros digam) e sendo autônomo.

Sua escola não tem aulas sobre isso (e pode inclusive estar tentando diminuir sua autonomia e auto-estima; preste atenção nisso). Por isso você deve encarregar-se de desenvolver seu próprio senso de valores e auto-estima.

Faça isso todos os dias. Diga a si mesmo que você é inteligente, legal, forte, bom, e o que mais você quiser ser. Diga isso em voz alta, pela manhã - escondido pelo barulho do chuveiro, se preferir, mas diga. Então, pratique esses atributos. Seja inteligente resolvendo palavras cruzadas. Seja legal fazendo seu estilo de moda. Seja forte fazendo algo que você tinha se comprometido a fazer. Seja bom praticando uma boa ação. E a cada vez que você fizer isso, lembre-se que, de fato, você possui tudo isso.

10. Como Viver de Forma Significativa


Photo credit:Guillaume Carels

Essa é provavelmente a coisa mais difícil de todas para se aprender, e a menos ensinada.

Viver de forma significativa é, na verdade, uma combinação de várias coisas. É, num primeiro momento, sua dedicação a algum objetivo ou meta. Mas é também seu senso de avaliação e dedicação aqui e agora. E, finalmente, é a realização de seu lugar no mundo, de tudo que você significa, é algo que você deve criar pra si mesmo.

Muitas pessoas vivem sem ter um propósito na vida. Elas se preocupam em ganhar mais e mais dinheiro, ou buscam a fama, o poder, e, caso não atinjam esses objetivos, elas sentem suas vidas vazias e sem significado. Isso ocorre porque as pessoas confundem significado com finalidade – dinheiro, fama e poder são coisas que as pessoas desejam com a finalidade de sentirem-se melhores.

O que é dar valor à vida?

Isso é você quem decide. Eu tenho escolhido dedicar minha vida a ajudar as pessoas a obter uma boa educação. Outros procuram curar doenças, explorar o espaço, venerar Deus, construir uma família, desenhar carros, ou dar esclarecimentos.

Se você não decidir o que é viver bem pra você, alguém decidirá, e em algum momento da sua vida você se dará conta que não está fazendo o que realmente deve, o que realmente acha importante. Por isso, tire um tempo hoje pra pensar sobre o significado de sua vida. Você pode mudar sua mente amanhã. Mas comece, pelo menos, tomando as rédeas de sua vida e se guiando para onde quer que você deseje.

A segunda coisa é pensar às vezes em “viver o momento”. Isso é essencialmente a compreensão de que você pode controlar seus pensamentos. Seus pensamentos não têm poder sobre você; a única coisa que importa é o momento presente. Se você pensar em algo – seja com esperança, com sensação de fracasso, com medo – que não possa machucar você, aí você poderá definir se deve ou não confiar nesse pensamento.

Um outro aspecto é o seguinte: o que você está fazendo agora é a coisa que você mais quer fazer. Agora você deve pensar, “Meu Deus! Eu preferia estar na praia de Malibu agora!”. Mas se você realmente quiser estar na praia de Malibu, é para lá que você irá. A razão de você não estar lá agora é que você escolheu outras prioridades em sua vida – sua família, seu emprego, seu país.

Quando você percebe que tem o poder de escolher o que fazer, você percebe que também tem o poder de escolher as conseqüências. E isso significa que as conseqüências – até mesmo as ruins – são na maioria das vezes parte de nossas escolhas.

Isso dito, o entendimento dessa questão é muito libertador.

Pense nisso, como um leitor – e significa que o que eu mais queria agora era escrever esse artigo para você – sim, para você – que quer ler. E ainda mais magnífico é que eu sei, como escritor, que a coisa que você mais quer agora, inclusive mais importante que estar em Malibu, é ler minhas palavras. E isso faz com que escreva algo realmente importante e com significado – e isso faz com que eu ganhe mais uma razão para viver.




Sobre o Autor


Photo credit:Stephen Downes

Stephen Downes é um pesquisador sênior do Conselho Nacional de Pesquisa do Canadá, em Monton, New Brunswick, Canadá. Afiliado ao Conselho do Instituto de Tecnologia da Informação, Stephen Downes trabalha com o Grupo de Pesquisa E-Learning. Seu foco profissional principal inclui pesquisa e desenvolvimento em e-learning, trabalho e ajuda para as organizações melhorarem sua posição competitiva no mercado, e incrementar a troca de informações através de artigos, relatórios e análises escritas, bem como marcar presença em conferências e seminários locais e internacionais.
Visite o website do Stephen Downes para saber mais sobre ele.

Escrito Originalmente por Stephen Downes e originalmente publicado em 30 de Agosto de 2006 para o Half an Hour com o nome " Things You Really Need to Learn ".


A tradução para o português foi feita por Rodrigo Siqueira.

Fonte: http://www.masternewmedia.org/pt/como-ser-bem-sucedido/dez-dicas-de-stephen-downes.htm

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