quinta-feira, 1 de julho de 2010

O Normótico: Um Entediado Anônimo



O normótico, ou se preferir, o entediado anônimo - é vítima de um estado de conflito interior prolongado. Na tentativa de anestesiar a dor resultante desse conflito interior, das esperanças frustradas e dos sonhos abortados, injeta "novocaína" - o anestésico do novo - em muitos aspectos da sua personalidade.

Ele não sente nada de maneira vívida: nem alegria, nem tristeza, nem esperança, nem desespero. As coisas acontecem, mas ele não as registra pois é preciso muita coragem para se permitir sentir. É alguém que vive num eterno confinamento solitário causado por suas crenças disfuncionais; alguém que se trancou numa rotina solitária e engoliu a chave. Alguém que vive uma vida unilateral e morre em estado imperfeito. Não possui a consciência de que a Grande Vida lhe deu uma alma, uma mente e um corpo, os quais deve procurar desenvolver de forma harmônica. Vive dominado pelas influências do sistema de crenças do modismo social permitindo que a sociedade continue lhe impondo suas ilusões por meio de um fortíssimo esquema de marketing que o bombardeia de forma brutal durante as 24 horas do seu dia a dia. Não possui a coragem de virar a mesa contra o clichê social e assumir a responsabilidade pela sua maneira de pensar e pelo controle de sua vida.

Não fica difícil constatar os resultados desse caótico modo de viver: medos, preocupações, paranóias, estresse, insatisfação, descontentamento e toda espécie de somatização oriunda de uma pseudofelicidade. Não consegue perceber que sem satisfação interior, nenhum acúmulo de sucesso exterior consegue trazer felicidade e segurança duradoura. Como Adão e Eva, vive exilado do jardim das delícias da unidade consciente com Deus, pela ação da serpente do conformismo, tornando-se com isso, um ser limitado devido ao crédito dado ao sistema de crenças do clã a que pertence.

O normótico opta por uma forma de pensar pelo simples fato de muitas pessoas optarem por ela ou por constar de algum livro que a sociedade considera como sagrado; não consegue avaliar por si mesmo sobre a questão e ajuizar se ela é razoável ou não. Para ele, se prender as velhas rotinas consagradas pela sociedade, é muito mais seguro do que se aventurar ao Aberto. É aquele cujo desejo mais profundo ainda dorme, mas que teme a ação perigosa de acordar. É como um cavaleiro que perdeu o domínio da carruagem e é arrastado pelos cavalos dos instintos degenerados.

Vive atrelado à matéria, com o Ser ainda fechado para o que é eterno, caminhando sobre uma corda bamba, em chamas, pronta para arrebentar. Não possuí a consciência de que não é um ser material com necessidades espirituais ocasionais; mas sim, um ser espiritual com necessidades materiais ocasionais. Prefere a pseuda-paz do conformismo social do que a angústia da busca pelo seu vir-a-ser. Passa a maior parte de sua vida com um sentimento de vazio e falta de propósito tão grande, que é como se faltasse uma parte de si mesmo.

Sem que se perceba, muito do que faz o leva cada vez mais para a sensação de vazio interior. Procura preenchê-lo com acúmulo de dinheiro e matéria, com prestígio e reconhecimento profissional, chegando muitas vezes a extremos como o excesso de comida, bebida, sexo ou até mesmo às drogas. Quanto maior é o seu desespero em ocupar esse vazio interior, mais vazio se sente. Em nenhum momento, lhe ocorrer que essa sensação de ausência possa ser de natureza espiritual, muito embora, esse conhecimento lhe chega de varias maneiras. Somente quando a dor chega ao seu extremo que ele começa a olhar para dentro de si e a buscar por algumas práticas espirituais, através das quais, finalmente, pode encontrar o verdadeiro conceito de objetivo e plenitude.

Autor Desconhecido

Nenhum comentário: