A verdade de cada um (Elisabeth Cavalcante)
Apesar de termos em comum a condição humana, em toda a sua grandeza e fragilidade, somos, cada um de nós, expressões únicas e especiais da existência. Quanto mais nos mantivermos conscientes deste fato, mais imunes estaremos às comparações e tentativas de nos igualar aos outros, ou às pressões que buscam fazer-nos seguir caminhos diversos daqueles determinados por nossa essência interior.
Resistir a estas pressões nem sempre é fácil, especialmente na infância e adolescência, quando a consciência de quem de fato somos ainda não está formada, e, por isso mesmo, dependemos da aprovação externa para nos sentirmos alguém de valor.
Por essa razão, muitos chegam à idade adulta ainda carregando esta obsessiva necessidade de reconhecimento, seja ela consciente ou não. Encontrar a própria verdade e saber reconhecê-la exige coragem e um olhar atento para nosso próprio interior.
Somente ele pode nos revelar qual é a nossa verdade, do que realmente precisamos para sermos felizes e o que pode ser descartado porque não passa de ilusão, algo em que durante muito tempo acreditamos, mas que nos foi imposto pelo mundo como sendo o melhor.
Respeitar a verdade de cada um é um aprendizado valioso, sem o qual jamais conseguiremos construir um mundo de paz, pois o amor e a harmonia só podem brotar onde estiverem presentes a compaixão e a solidariedade.
Quebrando o condicionamento
Depende de cada pessoa o que ela gostaria de fazer com a sua vida. A vida não é preordenada. Ela é uma oportunidade. O que você fará com ela depende de você. Essa liberdade é a prova de que você é uma alma, essa liberdade é a dignidade de você ser uma alma.
Ter uma alma significa que você tem o poder de escolher o que você quer fazer. E a coisa interessante é que você pode ter passado por alguns atos e situações milhares de vezes e, ainda assim, você pode sair fora disso, livrar-se disso, neste exato momento, se você assim decidir.
Mas o que acontece é que a mente tem a tendência de seguir o curso que oferece a menor resistência. Se você derrubar um copo d'água no chão da cozinha, depois de algum tempo ela terá evaporado, deixando atrás apenas uma mancha seca. Agora não tem mais nenhuma água ali, apenas uma marca seca, indicando que anteriormente havia água fluindo ali. Se você derrubar água nesse mesmo chão outra vez, existe noventa e nove por cento de chance de que a água siga o mesmo curso, porque ele oferece menos resistência.
Em comparação com as outras partes do chão, existem menos partículas de poeira naquela parte seca; fluir por ela é mais fácil - a água correrá por ali.
Coisas que fizemos muitas vezes se tornaram marcas secas, e são conhecidas na psicologia como nosso condicionamento. Repetidamente o ato acontece seguindo a mesma rota; mais uma vez a energia é criada e flui. Procurando o caminho de menor resistência, acabamos seguindo a mesma rota.
Mas a marca seca nunca nos pede para fluir por ela. Ela nunca lhe diz que se não fluir por ela, haverá uma ação judicial contra você. Ele nunca diz que há uma lei determinando que você tem que seguir aquele caminho, ou que a existência está ordenando que você siga por ali.
Aquela marca seca é simplesmente uma oportunidade aberta, mas a escolha é sempre sua. Se a água decidir não fluir por aquela marca seca, ela pode fluir numa nova rota. Uma nova rota, uma nova marca seca será deixada ali; um novo condicionamento terá sido formado.
Religiosidade é capacidade de decidir. É um esforço para fazer com que as coisas aconteçam diferentemente de como têm acontecido sempre. É uma escolha, uma determinação. Repetir o que tem acontecido sempre até ontem, pode ser evitado - através dessa compreensão.
Osho, Inner War and Peace.
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